Inna Ohnivets - Com a assinatura do Acordo de Associação em 2014, a UE tornou-se o principal parceiro comercial da Ucrânia. 

A Ucrânia considera Portugal um parceiro comercial e económico importante e promissor, não só numa dimensão bilateral, mas também na cooperação com os mercados de países terceiros, em particular dos países africanos de língua portuguesa e da América do Sul.

Segundo o Serviço de Estatísticas Estatal da Ucrânia, em 2017, o comércio entre a Ucrânia e Portugal aumentou 16% em relação a 2016 e ascendeu a 323,3 milhões de dólares americanos.

As exportações ucranianas de mercadorias para Portugal totalizaram 264,1 milhões de dólares, e as importações de Portugal 59,2 milhões de dólares.

Os principais artigos da exportação ucraniana para Portugal continuam a ser tradicionalmente os produtos agrícolas (69% do total de exportação), em particular, cereais, sementes e frutos de sementes oleaginosas, gorduras e óleos de origem animal ou vegetal, mas também metais, equipamentos energéticos, etc.

A base da estrutura de importações de mercadorias de Portugal são máquinas eléctricas, cortiça e derivados, calçado, vestuário, artigos de malha, café, chá, plásticos, materiais poliméricos e produtos farmacêuticos.
 

IO - A Ucrânia sempre teve e tem ainda hoje um potencial de exportação significativo. A sua economia é multifacetada e considerada uma das mais poderosas das antigas repúblicas da URSS. 

Grande parte da sua produção industrial é competitiva no mercado externo, o que é confirmado pelo crescimento dos seus suprimentos de exportação. Este processo foi ainda promovido pela alta qualidade, bem como por preços de exportação mais moderados do que os dos parceiros da Europa Ocidental.

A indústria siderúrgica ucraniana tem uma demanda relativamente estável no mercado mundial (metais siderúrgicos, tubos de aço, ligas de ferro), mas também a engenharia mecânica (de diversos motores), a indústria de energia elétrica (turbinas, geradores, transformadores), a mineração e extração, a indústria de materiais de construção (vidro polido e para janelas, caulim, argila refratária, areia de quartzo, produtos de granito, cerâmica sanitária, cimento), os complexos químicos (amoníaco, ureia, ácido acético, benzeno, cloreto de vinilo, órteses, medicamentos, etc.) e os produtos agrícolas.

No caso das empresas portuguesas cujos produtos terão potenciais vantagens no mercado ucraniano, vale a pena identificar as empresas agrícolas, as empresas de lacticínios, de têxteis, as empresas farmacêuticas e as empresas de produção de equipamentos para centrais elétricas que funcionam a partir de fontes de energia renováveis (sol e vento).

 

IO - Assegurar um clima de investimento favorável na Ucrânia continua a ser uma questão de importância estratégica. Nos últimos anos, a taxa de investimento estrangeiro direto aumentou de forma constante.

Em particular, no primeiro semestre de 2018, foram investidos na economia ucraniana mais de dois mil milhões de dólares de investimento estrangeiro direto, e o seu volume total aproximou-se dos 42 mil milhões de dólares americanos.

A entrada em vigor do Acordo de Associação entre a Ucrânia e a UE abre novas perspetivas para um desenvolvimento mais ativo da cooperação económica e de investimento entre os nossos Estados. Isto também é facilitado pelo acordo de cooperação económica entre a Ucrânia e Portugal, assinado em dezembro passado.

No território da Ucrânia, o regime nacional de atividade de investimento é aplicado aos investidores estrangeiros, ou seja, são fornecidas condições iguais de atividade às dos investidores nacionais. Os investimentos estrangeiros na Ucrânia não estão sujeitos à nacionalização. Em caso de rescisão de atividade de investimento, ao investidor estrangeiro é garantido o retorno de seus investimentos.

Note-se que os investimentos diretos portugueses na economia ucraniana até à data ascenderam a 19 milhões de dólares. Um dos principais investidores portugueses – a empresa “FAPOMED”, que fabrica roupa médica na Ucrânia – já investiu 8,3 milhões de dólares.

Estou convencida de que os esforços da Ucrânia em reformas políticas e económicas, bem como a melhoria do clima de investimento, estimularão o interesse dos círculos empresariais portugueses em aprofundar a cooperação com os parceiros ucranianos.

 

 

IO - Conforme os dados do SEF, em Portugal vivem mais de 32 mil ucranianos. Mas isto são os dados oficiais. Pensamos que a quantidade de ucranianos que vivem em Portugal é ainda mais alta, em particular, por muitos adquirirem a nacionalidade portuguesa. Importa referir que, com a introdução do regime de isenção de vistos entre a Ucrânia e a União Europeia em junho do ano passado, cada vez mais ucranianos visitam Portugal, mas a maioria deles vem cá como turistas. 

 

IO - A comunidade ucraniana em Portugal, incluindo a presença crescente de estudantes ucranianos, é um dos principais fatores que ajudam a aproximar os dois países. É de assinalar que a nossa comunidade continua a ser uma das maiores comunidades estrangeiras em Portugal. Com certeza absoluta, os ucranianos em Portugal ajudam a desenvolver as relações bilaterais entre os nossos países, em particular nas áreas económica e cultural.