A Ucrânia está disposta a sentar-se à mesa com a Rússia, os autoproclamados líderes pró-russos das regiões do leste do país e as organizações internacionais no sentido de chegar a um cessar-fogo e a uma...
Tretiak diz que quem impossibilita essa hipótese de negociação é a Rússia, com o seu apoio ao que chama «organizações terroristas» no leste da Ucrânia. «O Presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, quer chegar a uma situação de paz. Estamos prontos para nos sentar à mesa e negociar, para regularizar o que é o interesse de cada uma ambas as partes. Infelizmente, não vemos interesse da parte das organizações terroristas ou da Federação Russa», disse, numa mesa redonda com jornalistas realizada esta tarde na embaixada.
O encarregado de negócios da embaixada da Ucrânia em Lisboa lembrou que o Presidente da Bielorússia, Alexander Lukashenko, «propôs a cidade de Minsk como um lugar para realizar essas negociações». Tretiak acusa os rebeldes pró-russos e o regime de Moscovo, liderado pelo Presidente Vladimir Putin, de «não terem vontade de chegar à paz, de estarem interessados em espalhar o caos, de praticar uma tática da II Guerra Mundial, a da terra queimada, deixando territórios abandonados, arruinando as suas infraestruturas».
O responsável ucraniano garantiu que «a parte ucraniana tem imensa vontade de chegar a um cessar-fogo e à paz» pois, sublinhou, que «quanto mais rápido houver um cessar-fogo menos civis vão morrer». Tretiak respondia, assim, indiretamente à questão da responsabilidade das forças ucranianas na mortes de civis inocentes, denunciada, no final da semana passada, por um relatório recente da Human Rights Watch.
«Espero que a Rússia perceba que é melhor viver em paz do que em guerra. Não vemos a Rússia como um inimigo, mas como um vizinho com qual podemos viver em paz, com o qual temos uma ligação e uma vizinhança de muitos séculos», lembrou Tretiak, que representa atualmente os interesses ucranianos em Portugal, enquanto não é nomeado um novo embaixador.
Recorde-se que a crise na Ucrânia começou em novembro do ano passado, depois de o ex-presidente Viktor Ianukovitch ter recusado assinar um acordo de associação com a União Europeia, pressionado pela Rússia de Putin. Seguiram-se meses de protestos nas ruas do país, tendo o resultado sido a queda do regime ucraniano e muitas mortes. Os ucranianos simpatizantes da Rússia decidiram então aceitar as novas autoridades do país, que defendem uma maior aproximação à União Europeia, realizando um referendo na Crimeia. O resultado foi favorável à integração do território na Rússia, tendo sido reconhecido pelo Presidente russo. Vendo isto, no leste da Ucrânia, separatistas ucranianos pró-russos começaram a autoproclamar repúblicas independentes em várias zonas, levando as forças ucranianas a intervir para travar o avanço dos mesmos. Mas estes receberam também um apoio de Moscovo e a situação complicou-se bastante nos últimos meses naquela parte da ex-república soviética.
Fonte: http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=4055118&seccao=Europa